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"Tentei algumas vezes fazer o jejum intermitente, mas nunca me adaptei"

Bella Falconi

15/09/2017 04h00

Recentemente, foi publicado no Jornal de Revisões Anuais de Nutrição, um artigo super abrangente sobre jejum intermitente. Tal artigo elucida os possíveis benefícios dessa estratégia na regulação do metabolismo, resultando em melhoras significativas na saúde. Na realidade, a prática de jejum existe há milênios, principalmente como parte de costumes religiosos, em centenas de populações ao redor do mundo.

Contudo, ele tem sido muito discutido nos últimos anos, principalmente devido aos seus supostos benefícios à saúde, os quais têm sido bastante investigados pela comunidade científica. É importante ressaltar que já existe uma grande variedade de estudos que discutem sobre os benefícios do jejum intermitente, mas ainda não há muitas evidências se tal prática pode ser usada para gerar recomendações específicas. O jejum intermitente já foi tema de livros best-sellers e conteúdo de publicações mais acessadas na internet. Mas será que todo mundo compreende o que ele realmente é?

Leia mais sobre jejum intermitente:

Primeiramente, é importante ressaltar que o jejum intermitente não deve ser encarado como uma "dieta da moda". Na verdade, ele não pode nem ser considerado uma "dieta", mas sim um "padrão" de alimentação, em que há períodos voluntários de jejum e períodos onde se alimenta.

Os alimentos que são consumidos durante o período de desjejum e a quantidade de calorias varia de pessoa para pessoa, de acordo com diversos fatores –dentre eles, o metabolismo, genética e objetivos pessoais. A duração do jejum pode variar entre oito, dez, 12 ou mais horas. Uma modalidade consiste em aproximadamente 16 horas de jejum e 8 horas para alimentar-se. Não existe uma regra de o que a pessoa vai comer ou a quantidade durante essa janela alimentar, isso varia de pessoa para pessoa e de acordo com a recomendação do nutrólogo ou nutricionistas.

Minha experiência com jejum intermitente

Eu, particularmente, nunca consegui me acostumar a essa estratégia. Tentei algumas vezes e acabei desistindo, principalmente por se tratar de um padrão de alimentação muito "rigoroso", em termos de adaptação. Eu tive dores de cabeça e grandes oscilações de humor. Obviamente que essa é uma experiência pessoal. Conheço pessoas que se adaptaram, outras não. Ouço relatos quase que diários acerca disso.

Mas como toda estratégia nutricional, o jejum intermitente requer um período de adaptação e acompanhamento profissional. Vejo diversas pessoas seguindo esse padrão de forma deliberada e isso, além de não ser seguro, pode produzir efeitos negativos, em um balanço geral. Há vários métodos na nutrição e, certamente, há um específico que é melhor recomendado a cada um de nós. Nutrição não é receita de bolo e, por mais que algo pareça incrível e revolucionário, sempre há poréns e detalhes a serem levados em consideração (como genética e metabolismo). Acredito que o mais importante mesmo seja buscar a ajuda de um profissional para resultados duradouros e 100% seguros.

E o que diz a ciência?

Estudos recentes executados em ratos de laboratório, apontaram que o jejum está diretamente associado à redução de peso (não mais que outras dietas), do nível total de colesterol, dos níveis de triglicerídeos, de glicose, de interleucina 6 –tipo de proteína que produz efeitos inflamatórios. Melhorias na sensibilidade à insulina também foram observadas nesses estudos. Através desses estudos, cientistas e estudiosos puderam perceber que o jejum intermitente está associado à prevenção de obesidade e da síndrome metabólica –conjunto de fatores de risco que aumentam a possibilidade de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes.

Teoricamente, o jejum influencia a regulação metabólica, ao criar efeitos benéficos no ciclo circadiano, na flora intestinal, além da diminuição do estresse oxidativo, que é gerado pelo excesso de radicais livres no organismo.

Entende-se que, até mesmo um único intervalo de jejum em seres humanos, é capaz de reduzir as concentrações basais de muitos biomarcadores metabólicos (como a insulina e glicose), os quais estão associados a diversas doenças crônicas.

Contudo, é muito importante ressaltar que não se deve, em hipótese alguma, seguir essa estratégia sem antes conversar com um médico nutrólogo ou nutricionista gabaritado, principalmente porque não se trata de uma prática de tão fácil adesão e adaptação.

Tendo isso em vista, é importante segui-la com segurança e disciplina, para que se experimente sua eficácia. E antes de decidir adotar o jejum intermitente tenha em mente que estudos científicos adicionais e ainda mais compreensivos são necessários para testar a eficácia desta estratégia na prevenção e no controle de doenças crônicas para a população em geral.

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Sobre o autor

Bella Falconi é bacharel em nutrição e mestre em nutrição aplicada pela Northeastern University, nos Estados Unidos. Atualmente É pós-graduanda em Teologia e pioneira do movimento saudável nas redes sociais. Bella também é ex-atleta fitness e ministra palestras motivacionais em vários lugares do mundo, principalmente no Brasil.

Sobre o blog

Dicas e artigos sobre saúde e bem-estar, com foco no equilíbrio e nas realizações pessoais. A ideia central do blog é motivar e também desmistificar diversos assuntos sobre alimentação saudável.

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