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Blog da Bella Falconi

6 mitos sobre nutrição que você deveria deixar de lado

Bella Falconi

07/06/2019 04h00

Crédito: iStock

A nutrição é uma ciência razoavelmente recente que estuda a alimentação e a sua relação com a saúde, que evoluíram do simples interesse pelas doenças causadas pela deficiência de nutrientes (escorbuto e vitamina C, por exemplo), para se focar em questões mais complexos que envolvem não apenas uma, mas muitas variáveis: obesidade, doenças cardiovasculares, etc.

Com os mais recentes estudos, muitas descobertas têm sido feitas e mitos tem sido derrubados no campo da nutrição, o que é muito positivo não apenas para a ciência mas também para as nossas vidas em busca de uma alimentação e hábitos mais saudáveis.

Existem, no entanto, muitos mitos relacionados à nutrição, onde alguns até são conselhos transmitidos de geração em geração, mas que a ciência mostra que não correspondem à verdade:

1. Ingerir alimentos de alto índice glicêmico é a única causa do diabetes

Sim, os alimentos com alto índice glicêmico causam picos de insulina e a longa exposição a isso é um dos fatores que levam à resistência a insulina, que evolui com o tempo para o diabetes. No entanto, a predisposição genética a ter essa resistência também é importante, entre outros fatores.

2. É preciso ingerir grandes porções extras de proteína para ganhar massa muscular

Ingerir quantidades muito altas de proteína, para além da necessidade do corpo não surte nenhum efeito. Mesmo uma exigência maior do nutriente em função do treino pode ser suprida facilmente pela alimentação. O consumo excessivo de proteína pode gerar na verdade malefícios como um aumento de produção de ureia, resultando numa maior necessidade de ingestão de água para a sua excreção pela urina, problemas renais e hepáticos, osteoporose e cálculos renais.

3. Todo mundo precisa de suplementos vitamínicos

Com uma alimentação balanceada que contenha frutas, vegetais, grãos integrais, quantidades moderadas de proteína magra e quantidade adequada de calorias, não há por que tomar suplementação. Os suplementos vitamínicos são recomendados para gestantes e pessoas com distúrbios nutricionais.

4. Ingerir ovos eleva o colesterol

Estudos sugerem que um ovo por dia não elevará o colesterol e será uma grande fonte de nutrientes. O ovo é o alimento, depois do leite materno, mais completo em aminoácidos e nutrientes que existe. Os estudos apontam que o impacto do colesterol que ingerimos através da alimentação tem nos níveis de colesterol sanguíneo varia de pessoa para pessoa. Embora comer muitos ovos possa potencialmente aumentar os níveis de colesterol em alguns, não está comprovado cientificamente que ingerir até quatro gemas de ovo por semana aumente o risco de doença cardiovascular.

5. Precisamos beber oito copos de água por dia

Certamente existe a necessidade de se repor o líquido perdido ao longo do dia, seja durante a respiração, ou pela excreção ou até mesmo no no suor, mas isso não significa obrigatoriedade de beber dois litros de água todos os dias. É difícil medir a quantidade exata necessária de água, pois ela pode vir dos alimentos também. Um indicativo se precisamos ingerir mais água é a urina, se estiver amarelo escuro, beba mais água. O ideal é que esteja ligeiramente amarela. Se a urina estiver transparente significa ingestão exagerada de água.

6. Comer carboidrato engorda

Quando cortamos os carboidratos da dieta até podemos ter um benefício de redução de peso no curto prazo, devido à perda de líquido. No entanto, comer carboidratos com moderação não ocasiona um ganho de peso diretamente, principalmente se forem carboidratos de baixo índice glicêmico, fibras, legumes e cereais. O corpo usa carboidrato como fonte de energia para realizar as atividades diárias; logo um período prolongado sem eles pode causar cansaço e letargia.

Bibliografia de referência:
1. Sara B Seidelmann, Brian Claggett, Susan Cheng, Mir Henglin, Amil Shah, Lyn M Steffen, Aaron R Folsom, Eric B Rimm, Walter C Willett, Scott D Solomon. Dietary carbohydrate intake and mortality: a prospective cohort study and meta-analysis. The Lancet Public Health, 2018; DOI: 10.1016/S2468-2667(18)30135-X
2. Downer MK, Bertoia ML, Mukamal KJ, Rimm EB, Stampfer MJ. Change in Alcohol Intake in Relation to Weight Change in a Cohort of US Men with 24 Years of Follow‐Up. Obesity. 2017 Nov;25(11):1988-96.
3. O'Keefe JH, Bhatti SK, Bajwa A, DiNicolantonio JJ, Lavie CJ. Alcohol and cardiovascular health: the dose makes the poison… or the remedy. Mayo Clinic Proceedings 2014 Mar 1 (Vol. 89, No. 3, pp. 382-393). Elsevier.
4. . Nicolaidis S. Physiology of thirst. In: Arnaud MJ, editor. Hydration Throughout Life. Montrouge: John Libbey Eurotext; 1998. p. 247.
5. Tuomilehto J, Lindström J, Eriksson JG, et al. Prevention of type 2 diabetes mellitus by changes in lifestyle among subjects with impaired glucose tolerance. N Engl J Med Overseas Ed2001;344:1343–50.doi:10.1056/NEJM200105033441801
6. Van Horn L, McCoin M, Kris-Etherton PM, Burke F, Carson JAS, Champagne CM, et al. The evidence for dietary prevention and treatment of cardiovascular disease. J Am Diet Assoc 2008; 108(2): 287–331. doi: 10.1016/j.jada.2007.10.050

Sobre o autor

Bella Falconi é bacharel em nutrição e mestre em nutrição aplicada pela Northeastern University, nos Estados Unidos. Atualmente É pós-graduanda em Teologia e pioneira do movimento saudável nas redes sociais. Bella também é ex-atleta fitness e ministra palestras motivacionais em vários lugares do mundo, principalmente no Brasil.

Sobre o blog

Dicas e artigos sobre saúde e bem-estar, com foco no equilíbrio e nas realizações pessoais. A ideia central do blog é motivar e também desmistificar diversos assuntos sobre alimentação saudável.

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